Ferreira de Castro falava-nos em tempos dos homens que não tinham lugar no mundo. Aldeões empedernidos por vida mais dura que as pedras que os amarravam aos torrões berço e cova, resistiram enquanto puderam às trombetas do progresso litorâneo. Os mais caturras teimaram deixar-se finar na terra que lhes deu o pão, por minguado que fosse. Mas não lograram forças para convencer filhos e netos a bisarem igual destino. Os mais novos partiram para terras de França, para as Áfricas e para o Brasil, outros menos afoitos lá encheram meio-peito com a coragem suficiente para abalarem até às Lisboas.
Centenas de aldeias do interior português esvaíram-se então da vida das gentes que lhes davam vida, e hoje sofrem o estertor de uma morte anunciada. A metástase que as corrói não vive dentro delas, condena-as à morte mas por abandono.
Reportagem de Dinis Manuel Alves sobre as aldeias que vão morrer.
Revista Grande Reportagem, n.º 29, 2.ª série, Agosto 1993. Direcção de Miguel Sousa Tavares.
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